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Fornos de cal
Património Industrial
Os fornos de cal de Pataias constituem o maior núcleo de fornos de cal em Portugal. Actualmente, e depois do levantamento geográfico e arqueológico realizado em 2018, encontram-se 2 grandes núcleos: dos Olhos de água/Ratoinha com 12 fornos, dispersos numa área de aproximadamente 3 hectares, e o núcleo da Brejoeira, com 19 fornos dispersos numa área aproximada de 4 hectares. Os dois núcleos distanciam cerca de 500 metros.
Relativamente ao historial dos fornos de Pataias, encontramos a primeira referência aos fornos numa escritura de hipoteca de 1729, que indica uma vinha em Pataias, por cima do forno de cal. Devido à falta de informação, será apenas no final do Século XIX que encontramos alguma documentação. Através das contribuições pagas ao Governo Civil percebe-se que em 1881 existiam 15 industriais de cal em Pataias. Seguramente que a inauguração da linha ferroviária do Oeste em 1888 foi um importante marco para o desenvolvimento da indústria de cal em Pataias.
O ano de 1909 é marcado pela chegada a Pataias de Manuel Serrano de Figueiredo, que constrói dois fornos junto da linha férrea em Pataias. Em Novembro do mesmo ano é celebrado um contrato com a Real Companhia de Caminhos de Ferro para a construção de um ramal ferroviário, paralelo à linha de comboio, para exportar a cal. Ao contrário dos restantes industriais, que construíam os seus fornos junto das pedreiras, situadas 1 km a norte da linha férrea, Manuel constrói uma linha decauville que ligava os seus fornos à pedreira. Estes factos provam que Manuel Serrano foi um visionário industrial sem precedentes e o mais importante industrial na freguesia no inicio do século XX, fazendo chegar a cal de Pataias a todo o País. Já depois da sua morte, em 1918, os seus irmãos herdariam a firma. A partir de 1932, depois da morte de um dos irmãos, seria Luís Serrano de Figueiredo a assumir o rumo do negócio. A Era dos Serranos terminaria em 1945 com a venda de todos os terrenos à CIBRA, que haviasido fundada no ano anterior.
A indústria de cal em Pataias atingiu o auge na década de 60, contabilizando-se cerca de 30 fornos em laboração, alguns a atingir 17 fornadas por ano. Em 1981, apenas existiam 9 fornos de cal ativos. O último forno encerrou em 1995.
Não podemos falar apenas em fornos, mas sim num complexo industrial que incluía igualmente o barracão, os depósitos e ainda pequenos anexos que serviam de arrecadação. O forno é o centro da atividade fabril e o edifício mais importante. Idêntico a um poço, é construído em tijolo de burro (os mais antigos em pedra e barro), com um aterro ao seu redor e um portal na parte frontal. O aterro possuiu uma dupla finalidade: suportar a pressão exercida pela pedra nas primeiras horas e permitir o acesso ao topo do forno de onde era descarregada a pedra, quando o empedre já se encontrava em fase final.
Quanto ao ciclo de produção, de forma sucinta, a pedra era extraída das pedreiras e transportada para junto do forno. De seguida eram colocadas dentro do forno, formando uma abóbada. Iniciava a cozedura com dois forneiros a alimentarem continuamente o forno. O número de dias necessários para a cozedura variava entre os 5 e os 7, podendo atingir os 12. Por fim, era feita a desenforna, armazenamento e comercialização.
Importa também referir que a qualidade da pedra de Pataias é excecional, apresentando uma percentagem de cal superior aos 55%. Para além das poucas impurezas encontradas, o teor de Carbonato de Cálcio é superior a 99%.